Sunday, October 15, 2006

FAST NOISE.

Não existe barulho mais inconveniente do que o que fazem quando não o querem fazer.
Por exemplo quando tu estás dormindo, e para não te acordar, alguém anda com calma, passo a passo, sem se dar conta que na busca por delicadeza acaba fazendo tudo grosseiramente.
Talvez eu tenha o sono leve, vocês devem estar pensando, pois bem, pensaram errado. Uma vez que passam as primeira duas horas de sono (tempo aproximado que uma pessoa leva para entrar em sono profundo), nada, ou melhor quase nada me acorda. Prova disso são as faltas que tenho na única cadeira da faculdade que começa as 7 e meia da manhã, nem despertador,nem celular tocando, nada me acorda, a não ser quando a minha irmã entra, achando que com delicadeza no quarto, e a minha mãe, se achando mais delicada ainda, fala em sussurros com meu pai. Minha psicóloga uma vez disse que uma pessoa que é totalmente atenta à tudo ao seu redor, não desliga nem ao dormir.
Ínumeras explicações científicas podem existir, mas nenhuma que negue o fato de que o barulho é inconveniente. Eu sou uma pessoa que preza o silêncio sabem? Não há nada mais essencial para mim, do que o silêncio, até a música e o cinema ficam em segundo plano.

O barulho de uma furadeira?
O zunido de uma broca?
O som irritante que o liquidifador faz quando ligado?

Nada se compara a isso.
Nada me tira tão do sério como a minha irmã ao acordar pela manhã, ou minha mãe quando quer o meu secador emprestado e abre a porta do quarto e do armário devagarinho, para não me acordar.

A cada dia acredito estar mais velha, daquelas que reclamam de tudo sabem?

Mas eu não me importo com isso.

Sei que existe o barulho bom, como o de amigos sentados numa mesa dum bar conversando,o das crianças correndo em almoços de família aos domingos, o de uma boa música tocando tão alto que a caixa de som está prester a estourar.
Mas não apaga o barulho ruim, que além de ser inconveniente é totalmente desnecessário.
Já que vai fazer barulho, então que aja normalmente e não em passos e movimentos de tartaruga.

É que nem band-aid, não se tira aos poucos se não dói, tem que arrancar de uma vez só, rápido e indolor.

Thursday, October 05, 2006

Um dia qualquer.

Um dia alguém entenderá que as vezes eu só preciso de um abraço de urso, e um tudo vai ficar bem.
Um dia eu vou olhar para trás e lembrar dos inúmeros momentos bons que eu tive.
Um dia eu vou acreditar na minha capacidade.
Um dia, vou ter auto-estima.

Eventualmente eu sei que me sentirei segura em relação ao passado, presente e futuro.

Um dia, vou ser egocêntrica e pensar só em mim.
Um dia terei orgulho dos meus feitos.
Pararei de me menosprezar.
Acreditarei que existe sim amor sincero e eterno.
Um dia não falarei que estou triste, pelo simples fato de estar acostumada à dramas.

Futuramente, me sentirei completa.

Um dia, a márcara e a armadura vão cair.
Um dia irei conseguir falar sobre o que me atormenta, bem lá dentro.
Um dia eu acordarei com a sensação de ter conquistado o mundo.
E terei conquistado, podem acreditar.

Num futuro próximo, espero, saberei o que realmente quero da vida.

Um dia me descobrirei.
Um dia evoluirei para um modelo mais avançado, de mim mesma.
Um dia eu vou conhecer o mundo inteiro, de cabo a rabo.
Um dia possuirei uma coluna em alguma revista ou jornal.
Um dia terei escrito um best seller.

Um dia, e apenas por um dia, nada irá me derrubar.
Um dia descobrirei como evitar que as pessoas te abandonem.


Um dia vou ter o amigo verdadeiro que eu sempre quis, aquele que largará tudo para ir ao meu encontro, que saberá o que estou sentindo somente pela minha voz ou olhar, aquele que me ajudará quando as coisas derem errado em vez de se mostrar superior. Aquele que será amigo dos meus pai, meu namorado, mas antes de tudo, meu amigo. Aquele que me verá casar, será padrinho dos meus filhos, e derrubará lagrimas quando eu vier a falecer.



Um dia eu vou casar.
Num outro, morrer.

E nesse dia talvez, eu descubra o porque de tudo.

O propósito de estarmos aqui, vivendo loucamente, levando patadas, batendo com a cara na parede, e se reerguendo depois. O porque de batalharmos a vida inteira por amor, casamento, filhos, dinheiro, trabalho, se no fim das contas, provavelmente nao estaremos aqui para usufruir do que conseguimos.

Porque a gente nunca valoriza o que tem. Pelo menos eu não.

Um dia eu vou descobrir se sonhos tornam-se realidade, se Deus realmente existe, e quem afinal de contas, matou Kurt Cobain.