Sunday, June 10, 2007

de cara lavada.

Ok. Eu admito ser uma "drama queen" e sei o quão perturbador para quem está à minha volta pode ser. O que para muitos não chega a ser sequer um problema, em minhas mãos, vira um caso de vida ou morte: eu exagero, esperneio e faço toda aquela cena típica de uma ópera grega, levando muitos a me questionarem com a seguinte pergunta: "O que faz teus problemas serem mais importantes que o dos outros?". Forte hein? Geralmente após essa pergunta vem aquela ladainha, praticamente um clichê já, de que “pessoas não tem onde morar, não tem o que comer e tu ficas brigando com a tua mãe porque ela decidiu fazer peixe de almoço e só o cheiro já te deixa completamente nauseada?". Pô, golpe baixo!
E é claro que para os olhos do observador está é uma boa comparação: a menina mimada de classe média que tem tudo o que quer versus mendigos, sem-tetos e etc. (a variação é grande.). E sim, digo menina pois acredito que o fato de ter 20 anos ou 60 não afeta essa classificação, o que importa não é a idade física, e o estado emocional. E eu ainda ajo como uma adolescente, mesmo que cientificamente já tenha passado dessa fase.
Explicações sem nexo a parte, voltemos para o meu raciocínio. Essa comparação é um golpe baixo que demonstra o primeiro e pior erro que o ser humano comente: o pré - conceito. Não é porque alguém leva uma boa vida, que seu problema não seja tão ruim quanto aquele menos privilegiado. Não é justo para nenhum dos lados fazer esta comparação.
Rótulos. Não gosto deles.
E sabem de uma coisa? Toda aquela historinha de quem vê a situação de fora consegue enxergar mais claramente não se enquadra aqui. Quem deu a autoridade, quem lhes deu permissão para decidir o que é mais importante? Um problema, seja uma unha quebrada ou não ter um lugar para morar, é tão pessoal quanto o amor, a felicidade ou a tristeza. É uma parte tua, da tua vida, e ninguém pode dizer a importância que deve ser dada. Mais uma vez, todo tipo de comparação nesse caso é inútil.
E eu não estou aqui tentando me defender, muito menos de algum modo mostrar-me superior, pois sei que não sou. Sei que apesar de diferentes cores e classes sociais, em essência somos todos iguais, e o que molda a tua personalidade, o teu caráter e o que define tuas prioridades é o ambiente na qual vives.
E sabem de uma coisa? Eu me importo sim. De tanto ouvir pessoas erroneamente falando como eu deveria agir e pensar, já me vi inúmeras vezes sentindo-me culpada por me preocupar com "futilidades" enquanto outros morrem de frio, fome ou são assassinados nas ruas violentas do Brasil. Mas essas futilidades deixam de ser o que são no momento em que eu me importo com elas, e não me impedem de pensar no próximo.


E o que eu realmente quis dizer com este vômito de palavras?
A resposta da pergunta feita acima: Meus problemas são MEUS PROBLEMAS! E isto os faz serem importantes, porque quando eu estou fazendo minha cena digna de novela das oito, é a única hora em que eu paro de pensar nos outros e me permito ser egoísta.
Todos têm suas fraquezas, logo, eu também. E a minha é por dramas.
Mas vocês não me vêem importunando os outros por gastarem tempo, dinheiro e potencial se drogando, fazendo festas após festas, topando ficar com quem aparecer só para não ficar sozinho.
Desde criança fui auto-suficiente, aprendi a ler e escrever vendo o jornal, nunca demonstrei precisar de ninguém, muito menos soube pedir ajuda. Sempre me dediquei a ajudar meus amigos, muitas vezes abdiquei muitas coisas para poder ajudar o próximo, e quando chegava a minha vez, poucos eram aqueles que retribuíam.
Então quem sabe agora, antes de virem me criticar por fazer tempestade em copo dágua, ofereçam ajuda, nem que seja para apenas ouvir.

Saturday, June 09, 2007

Rain Falling From The Skies.

Lá fora a chuva lava a cidade, levando embora todo o stress, a maldade e a decepção. Particularmente acho fantástica a magia que envolve um fenômeno comum que, no entanto, não acontece em todo lugar, como a chuva. É como se os pingos, as gotas d’água que caem em sintonia – compondo quase que uma sinfonia - fossem pequenos imãs que atraem para seus pólos tudo aquilo que incomoda, levando-os para bem longe daqui.
Resolvi arriscar e abrir a janela (quer coisa melhor que o cheiro de chuva?). Apesar do frio, que na verdade não estava tão intenso, deixar os pingos um por um caírem na minha mão e sentir o aroma quase que afrodisíaco da água relativamente pura, entrando em contato com o asfalto, o concreto e todos esses outros materiais foi uma das experiências mais renovadoras que tive nos últimos tempos. Se fosse verão e o asfalto das ruas estivesse quente, seria sublime, mesmo.
Recentemente descobri o potencial do jazz (o estilo musical) de inspirar. Assim como a chuva que cria um contraste gritante com as construções e todas as outras invenções do homem das quais não podemos viver sem - mas até que gostaríamos, por motivos ambientais atuais - o jazz mistura a emoção como sentimento e a emoção como ação através de um link bem planejado entre o pensar/sentir e o agir. Se juntarmos a chuva e o jazz, seremos capazes de quase atingir o nirvana.
Essa combinação explosiva nos transporta para um local melhor, dentro de nossas mentes, ela permite que entremos em contato com partes da nossa alma e do nosso coração que normalmente não conseguiríamos. Posso estar sendo ousada, mas a partir das experiências que tive nestes míseros vinte anos de existência, arrisco-me a dizer que nenhuma experiência chega aos pés desta. Por isso busquem usufruir desta o quanto antes, apenas inspirem-se colocando uma boa música e abrindo a janela, o resto pode deixar que a chuva faz.