Sunday, December 16, 2007

Frieza.

- Tu não tá feliz?
- Sinceramente? NÃO! NEM UM POUCO.
- Mas porque coraçãozinho?
- Eu quero mais, porra. Andar de mãos dadas, ir ao cinema na sexta-feira de noite e almoçar com a tua família no domingo não são o bastante pra me deixar feliz. Eu quero mais, muito mais.
- E o que seria mais, guria?
- Eu quero sentir um friozinho na barriga quando te vejo chegar. Quero sentir como se estivesse andando nas nuvens, desconcertada, inebriada com o teu amor. Quero sentir mais que apenas um orgasmo, quero sentir nossos corpos fundindo em um só. Quero sempre beijar, tocar e te sentir intensamente.
- Ah sim, desejas algo mais, madame?
- Sim. Quero ficar à vontade quando estou contigo, quero sentir o amor correndo pelas minhas veias. Quero olhar no teu olho e saber o que tu ta pensando.
- Mas querida, isso é impossível.
- Porquê?
- Por que tu não vale o esforço.

Tuesday, December 04, 2007

armaduras impenetráveis,
palavras indecifráveis.
que brincadeira de esconde-esconde mais patética,
onde ganha a pessoa que for mais discreta.
porque não se mostrar? falar dos sentimentos?
caralho! não gosto de andar no escuro.

Wednesday, November 28, 2007

Clichês baratos me perseguem,
Estereótipos exagerados me estressam.
A nova moda é a da filosofia de bancas de revistas.
Cabeças ocas, pensamentos aleatórios,
É impossível saber o que as pessoas pensam.
Os olhares não são sinceros, as palavras não são sutis,
Mas a gente tenta esquecer e continuar a viver.

Monday, November 19, 2007

heart broken, once again.

Perder a confiança em alguém é algo que eu não recomendaria a ninguém.
Quando enxergamos que aquela pessoa em que muito já confiamos nos traiu, a sensação é de que o mundo que conhecemos está desabando. Em uma fração de segundo a tua visão sobre as coisas muda, tu passas a analisar tudo que já passou até chegar a este momento, e começa a pensar o quão traída fostes. Será que foi apenas essa vez, apenas um relapso? Ou foi o tempo inteiro? Será que fui tão burra de nunca ter enxergado que havia algo errado?
E as questões não param por ai. Paras para pensar em tudo que confidenciastes ao outro, em toda a exposição indesejada e desconhecida que podes estar tendo, passas a sentir vergonha de si por ter sido tão ingênua. Há esta hora, quantas pessoas devem estar sabendo de seus segredos?
É foda brother, é foda.
Mas tudo bem, digamos que nenhum segredo foi escancarado ao público, mas que foram feitas fofocas sobre ti para outra pessoa, fofocas maldosas sem propósito algum a não ser o de causar constrangimento, desentendimento e tristeza. Como podes ficar bem, sabendo que alguém que já confiastes tanto foi capaz de ser tão duas caras? Capaz de estragar ou quase estragar a tua amizade com outra pessoa através de boatos infundados ou verdades distorcidas. Quem conta aumenta um conto, já dizia o ditado popular.
E o pior é que não sei lidar com isso. Não consigo ter raiva desse tipo de pessoa, sinto raiva de mim. Castigo-me por manter os olhos sempre fechados e viver mergulhada em meu mar de rosas imaginário, onde todos são corretos e verdadeiros. E mesmo depois de inúmeros tsunamis, eu ainda não aprendi. Não aprendi a deixar de romantizar tudo, como se estivesse num filme em que no final dá tudo certo e que num piscar de olhos encontramos amigos para a vida toda. Não aprendi a agir perante situações iguais a essa, não aprendi a ter desprezo por aquele que me dezpreza.
Às vezes eu gostaria de acreditar naquele clichê barato que sempre dizem nessas situações, ou em semelhantes, que quem está perdendo é a outra pessoa. Porque eu não acredito nisso? Porque? Porque?

To sentindo tanta raiva de mim nesse momento.
E dele, não sinto nada. Nem raiva, nem amor, nem perdão, nem mágoa. Sinto falta na verdade, falta daquela pessoa que talvez nunca tenha existido fora da minha cabeça, e do meu coração.

E como cantaria a Tati de Chiquititas: O me coração tem buraquinhos. (Mais uma vez!)

Proponho aqui, caro leitor que não existe, que façamos um mutirão destinado à construção de um hospital para almas perdidas, corações partidos e falta de personalidade e integridade.
Contate essa ingênua aspirante à escritora pelo endereço eletrônico: sonhadoraestúpida@fácildeenganar.com. (porque .com é mais chique.)

Monday, October 29, 2007

GIVING UP.

Naquele momento já esgotara todas as esperanças. Resolvi voltar-me ao Deus misericordioso que tanto ouvira falar nas aulas de catequese que freqüentara há uma década. Entre pais-nosso e ave-marias pedia perdão por todos meus pecados intencionais e não intencionais. A esse ponto o desespero me consumia por dentro, cada parte do meu corpo tremia ininterruptamente.
Não entendia porque estava sendo punida. Claro que tive minha cota de pecados durante minha breve vida, claro que alguns deles são considerados pecados mortais (graves), mas numa escala de gravidade, considero-os os mais fracos dos mais fortes. Tantas pessoas que cometeram atrocidades em demasia continuam impunes de seus pecados, enquanto eu estava ali, sendo apedrejada e torturada.
Lá fora a chuva apertava compondo uma sinfonia agonizante no momento em que a água encontrava-se com o asfalto. E eu continuava a rezar, noite adentro, mas agora não pedia mais perdão e sim, uma luz, uma mensagem, um sinal, algo que mostrasse que eu sairia ilesa dessa, no entanto, nada. Pedia também, proteção, e paz de espírito. Queria tanto um momento de calmaria entre as tantas tempestades da minha vida, mas só encontrava escuridão e turbulência à minha frente.
Três horas passaram e nenhum sinal de melhora: era hora de entregar os pontos. Chega a ser uma ironia admitir a falta de força, uma vez que sempre me mostrei forte perante aos outros e até a mim. Lutar incansavelmente por algo é história da carochinha, chega um ponto em que todos cansam e não tem condições de continuar. E quanto antes eu ceder ao trágico destino que me espera, melhor será para mim. Não sentirei mais dor, não temerei a escuridão, não passarei por nenhuma outra tempestade.

Sobreviver é superestimado.

Friday, October 26, 2007

Hurt.

Eu queria que existisse “direção defensiva” pra vida. Assim como a auto – escola nos ensina a dirigir com cautela, para não causar acidentes, correndo o risco de machucar a si ou a outros, eu queria que me ensinassem a viver a vida defensivamente.
Num mundo perfeito as pessoas não se magoariam, não se decepcionariam, não sentiriam dor. Mas como estamos bem longe da perfeição, somos expostos a tais mazelas diariamente, o que além de cansativo, deixa cicatrizes internas profundas. Deveria existir um código de regras para evitarmos o convívio com pessoas duas caras que são dissimuladas o suficiente para convencer a todos de que são pessoas de bom coração. Ou então, já que a cada dia descobre-se o caminho para uma tecnologia nova e mais apurada, os brilhantes cientistas espalhados pelo imenso planeta Terra poderiam criar um tipo de sensor que alertaria às pessoas quando estão frente a uma situação decepcionante, ou alguém que pode te magoar.
Na verdade eu só queria parar de acreditar que todas as pessoas são de bem, até provarem o contrário, pode parecer que não, mas eu sou muito ingênua, pelo menos em relação ao caráter das pessoas. E eu não sou uma exceção, já magoei, causei dor, fui desonesta com quem não merecia. Mas eu sou humana porra! E como humana, tenho uma predisposição a cometer atitudes equivocadas, entretanto, nunca fiz nada proposital, como muita gente faz. Eu sou esquentada, eu brigo, berro, esperneio e faço drama demais, mas eu nunca machuquei alguém de propósito, pelo contrário, na maioria das vezes que as pessoas me magoam, eu acabo por sentir compaixão por elas, e perdoá –las, somente para agirem da mesma forma novamente. Acho que sou masoquista.
Bom, venho aqui propor um acordo: minha eterna gratidão, por uma forma de não me magoar mais. O amor ao próximo é tão necessário quanto respirar, pena que nem todo mundo reconheça isso.

Monday, October 22, 2007

six feet under.

Hoje eu queria poder te dar parabéns. Queria poder te abraçar. Setenta anos não é pra qualquer um, eu sei muito bem, e tu também sabias. Eu queria superar isso, não pra te esquecer, mas pra conseguir ficar feliz relembrando os bons momentos coletados em 14 anos de convivência e amor, em vez de sentir meu coração apertado e derramar rios de lágrimas.
Queria te desejar tudo de bom, de coração. Muita felicidade, amor, saúde... Mas como fazer isso? Como desejar algo para alguém que eu não estou vendo, ou ouvindo? Alguém que não existe mais nesse plano astral, só no meu coração e na minha cabeça? Desejar em pensamento, torcendo para que de onde tu estiveres, saibas que estou pensando em ti, já não é o bastante. Rezar para Deus, ou ir à igreja também não. Eu tentei olhando uma foto tua, mas não é a mesma coisa. Nunca mais vai ser.
E depois de seis anos eu já deveria estar acostumada, não deveria me afetar tanto, mas não consigo evitar. Queria te contar o quão difícil ta sendo viver no mundo real, cheio de crueldade, injustiças, que eu não tava acostumada. Queria conversar contigo sobre coisas importantes que eu não consigo conversar com mais ninguém. Queria poder passar o natal e meu aniversário ao teu lado.
Porque eu não posso? – me pergunto.
Porque não apareces pra mim? Eu nem sei se tu acreditavas em espíritos e vida após a morte. Eu não sei tantas coisas que eu queria saber. Como eu fui estúpida! Eu tive quatorze anos pra aproveitar, e não o fiz. Nem pude dizer que eu te amo. Nem pude dizer tchau. Eu achei que tua ia melhorar, como todas as outras tantas vezes que tu foi pro hospital, e tantas coisas aconteciam ao mesmo tempo, eu achei que não ia dar nada não te visitar. A primeira vez em quatro anos que eu não fui todo santo dia no hospital.
Desculpa por me deixar levar por outras coisas tão banais, em vez de ficar contigo. Desculpa não ter ido ao velório, nem ter ido pra Bagé jogar tuas cinzas, mas era tão difícil pra mim, e eu tinha que me manter forte, por todo mundo, que foi necessário me manter afastada. A Tia Ana me disse que um dia eu ia me arrepender de não ter ido me despedir de ti, mas eu não a levei muito a sério. Se tu encontrares ela por aí, pede perdão pela minha insolência, por não ter acreditado nela, que já tinha experiência nisso.
Eu to com saudade e não sei o que fazer. Não tenho com quem falar, não me sinto à vontade com ninguém. Não agüento mais chorar, não agüento mais lamentar. Eu quero meu porto seguro de volta, eu preciso de um, e como tu não estás disponível, eu passo meus dias procurando outro, mas não dá certo, sempre que eu penso que eu encontrei alguém, fico com medo da pessoa achar que é muita dependência, que eu sou um porre. Eu tenho que aprender a não depender dos outros, porque nem todo mundo tem o coração que tu tinhas, e que por convivência, eu tenho.
Eu só queria te olhar nos olhos, ouvir tua voz que eu nem lembro mais. Ligar-te pra falar sobre o que aconteceu no último episódio de E.R, dormir na tua casa e ouvir o cd do fantasma da ópera.
Na verdade, eu queria te dar parabéns.

Friday, October 05, 2007

You Got Mail.

Não existe filme mais sessão da tarde que Mensagem para Você. Tom Hanks é um dos donos de uma rede de livrarias, Meg Ryan é dona da "Around the Corner", uma livraria infantil que antes fora de sua mãe. Os dois são rivais, e por ironia do destino (?), começam a conversar pela internet, sob os nicknames de shopgirl e NY152, e acabam se interessando um pelo outro. No final eles ficam amigos, Tom Hanks prepara seu terreno, e, como NY152, marca um encontro no parque. Eles se vêem, ela diz que estava torcendo que fosse ele, e ao som de “Somewhere over the rainbown”, eles se beijam.
Clichês a parte, esse é um filme filhadaputamente fantástico. Ele serve como um lembrete - por mais cruel e confuso que seja o mundo que vivemos - de que o amor ainda está por aí, e podemos encontrá-lo onde e quando menos esperarmos. Mostra o quão devastador pode ser o capitalismo, e como é necessário manter o bairrismo, fugindo da impessoalidade demasiada. Por mais que seja bom um hipermercado com grande variedade de produtos, ou um Shopping Center com varias lojas, o mini-mercado com conta no livrinho e as lojas de bairro têm seu valor. Por que ser oito ou oitenta se podemos ser quarenta? O mundo é suficientemente grande para que esses dois tipos de comércio co – existam.

Friday, September 28, 2007

Saudade.

"Saudade! Recordação,ao mesmo tempo triste e suave,de pessoas ou coisas distantes ou extintas,acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.
Angústia; Grande aflição; Desgosto; ansiedade com opressão; agonia."
FONTE: SILVEIRA BUENO, mini dicionário da Língua Portuguesa

Eu gostaria que fosse tão simples, como o dicionário mostra ser, explicar aquilo que sentimos e pensamos. O ser humano é um ser complicado e imprevisível, sem exceções, tanto que até palavras me faltam para expressar o que eu quero dizer. Nós somos capazes de cometer ações equivocadas (julgando-as certas), de perdoar, de admitir que erramos, de sermos orgulhosos e humildes.
Somos capazes de planejar uma vida inteira com alguém, e em frações de segundo pôr todo o planejamento a perder, podemos passar anos acreditando em certa coisa, e do nada mudar totalmente a nossa opinião. Nós somos suscetíveis ao mundo em que vivemos, e tentamos nos adaptar à sociedade, muitas vezes nem reconhecendo tal ato, e mudando totalmente o nosso jeito de ser.
Como pode alguém ser capaz de criar tecnologias que há 15 anos eram consideradas impossíveis, armas capazes de dizimar um país inteiro, curar doenças que há 5 anos atrás eram dadas como mortais, e ao mesmo tempo não conseguir entender sua própria cabeça? Claro que Freud e todos os psicólogos, psiquiatras, analistas e tudo mais ajudam um pouco nessa árdua tarefa, mas a tal ajuda, não passa de 10%, no máximo, do que precisamos conseguir.
Um órgão vital, responsável por todas as ações que o corpo humano faz, não é capaz de explicar o que ele mesmo nos faz sentir. Irônico não?Quem sabe, daqui muitos anos, seja possível entender porque choramos ao estar triste,com dor ou feliz,porque nos sentimos nas nuvens ao amarmos,porque sentimos saudades daquilo que já foi,e sentimos angústia pelo que aconteceu.Mas e o presente? Como podemos viver numa sociedade onde o saber predomina - em quase todo lugar - se não podemos entender o que passa pela nossa própria cabeça?
Um dia eu gostaria de saber por que pessoas entram nas nossas vidas e não saem mais, permanecendo a nos atormentar e nos lembrar de como sofremos, enquanto outras que só o que fizeram foi nos alegrar, saem rapidinho e não voltam mais.Gostaria de saber como a raiva,o ódio, o egoísmo e a maldade conseguem ser mais fortes que o amor em muitas vezes.
Eu gostaria de saber mesmo, porque algumas pessoas são tão suscetíveis à perdas,e porque os sentimentos nos enganam.
Acho que eu vou morrer esperando a resposta.

Tuesday, September 18, 2007

OK. As mulheres, por definição, são frágeis, choronas e sentimentais, e por isso, justifica-se quase tudo que acontece, seja algo bom, ou ruim. Quando as mulheres estão na tpm, diz-se que são capazes de matar. Logo as frágeis, choronas e sentimentais são capazes de cometer atrocidades, sei.
Ok, ok. A culpa é dos hormônios e ponto, dizem né.
Mas eu sou mulher e não acredito nisso, por mais cientificamente comprovado, tem mulheres que passam a vida inteira sem matar ninguém, ou cometer qualquer ato prejudicial a si ou a outros e ainda assim, tendo tpm mês após mês.
É que nem dizer que jogo de videogame incita a violência, ok, pode até incitar, mas ninguém consegue me convencer de que porque o cara mata um monte de gente,acha que pode fazer o mesmo na "vida real". Ninguém é tão burro, ou tão sem noção assim. Mesmo.
Essa idéia da sociedade, do mundo ou de sei lá quem de justificar os atos cometidos por mulheres é a maior estupidez que já existiu. As mulheres são choronas, fragéis, sentimentais ou são frias, psicopatas, e sei lá mais o que, por natureza, e nada mais. Nenhum evento sobrenatural, nenhum hormônio em grande número, enfim, nada, mas nada menos é capaz de justificar o que as mulheres fazem, a propósito, nem há porque justificar. Assim como os homens e as crianças, as mulheres também são humanas. Podem ter que aguentar trancos mais fortes, e virar-se em mil, mas nos tempos modernos de hoje, os homens fazem a mesma coisa, quando necessário.
Ninguém está acima do status de ser-humano, dotado de inteligência e fraquezas, nem mesmo Jesus Cristo.

Thursday, September 13, 2007

Why you're trying to fuck me?

Mal-educada? Não, apenas mal-entendida.
Mal-humorada? Também não, só não estou jogando fogos de artifício porai.
Senhora dos clichês sim, quer confeti? Daqui não conseguirás.
Madre Teresa de calcutá defensora dos fracos, oprimidos, pobres de espirito e depressivos? Meu nome do meio.
Então porra, o que mais querem de mim? É só a gente agir um pouco fora do normal pra chuva de críticas e reclamações nos encharcar. Todos têm direito a seus dias ruins, até semanas ou meses.
Nem tudo é como parecer ser, então custa investigar um pouco mais a fundo pra descobrir o que há por trás da cortina, antes de fazer suposições errôneas? Custa um pouquinho sim, mas não cai pedaço.
Tudo na vida vem com condições, regras e sacrifícios. Se fossemos pô-las no papel, seria maior que a trilogia (?) do Harry Potter.

Wednesday, September 12, 2007

Então aquela velha historinha se repete. A idiota achou que ganharia um pouco de atenção e um punhado de conselhos, e na verdade até que recebeu, mas não de quem esperava. Pra variar, imersa em seu mundinho particular, deixou-se levar pelos devaneios e foi capaz de criar realidades dentro de sua cabeça nas quais era uma pessoa decidida, talentosa e bem sucedida com uma pá de amigos que realmente se importavam, e realmente empenhavam-se em ajudá-la com qualquer coisa que precisasse. Mas o sinal tocou, o galo cantou, e o mundinho implodiu. E aqui sobrou a menina. Desesperada, com o coração apertado, perdida num mundo cruel, esperando que alguém a salve. Mas não estamos num conto de fadas, nenhum príncipe num cavalo branco chegará para resgatá-la, nenhum executivo bonitão da novela das oito irá apaixonar-se e levá-la para um lugar seguro. Ela está sozinha, e assim continuará, mas mesmo assim, a ingênua menininha não se dá por vencida e continua tendo fé de que alguém aparecerá. E assim ela morrerá, esperando por alguém que nunca virá.

Friday, August 10, 2007

Mind DEScontrol.

Ela para e pensa: E se eu fizesse diferente? Se eu falasse mansinho, em vez de berrar, as pessoas me escutariam mais? Se ao invés de correr, eu pulasse, enxergaria melhor as coisas? Se cada vez que tivesse vontade de chorar, sorrisse, seria mais feliz? Se eu falasse realmente o que está pensando pela minha cabeça, me achariam louca?
Tantas interrogações para uma menina tão pequena. A verdade é que por trás daqueles 1,50 metros de casca forte, impenetrável e feliz da vida, se escondia o auto - descontentamento. E agora, o vento soprava para outros lados, levando consigo pedaços da casca, uma vez impenetrável, e a menina não conseguia mais esconder tudo aquilo que outrora escondera. Passou a não ficar na companhia de outras pessoas por muito tempo, afastando, gradualmente, todos seus amigos e familiares. Ela agora era praticamente sozinha, seu segundo maior medo acabara por provocar o mais temido dos medos: a solidão. Mais do que temer mostrar-se exatamente como era, a menina apavorava-se com a idéia de solidão.
As perguntas proliferaram-se. Não mais prestava atenção na rua, nos carros. Estava tão sozinha que parecia não existir mais ninguém no mundo, apenas ela e suas interrogações. Quase fora atropelada, quase pisara em merda de cachorro, enfim, ela "quase" tantas coisas que não vale a pena contar detalhadamente. E surpreendentemente, saiu ilesa de tudo, ou quase tudo, afinal, ela ainda está viva, não?

Não. Infelizmente ela não vive mais. As perguntas eram tantas, o vento soprava tão forte que o afastamento foi definitivo. Ela tentou tanto esconder seu verdadeiro "eu" que acabou sozinha. E de sozinha, ela morreu.
Não pense que ela suicidou-se, ela nunca faria isso, não tinha coragem suficiente. Mas um dia ficou doente e precisou de ajuda, mas não soube pedir. Não queria mostrar suas fraquezas.
E por isso, morreu só.

Wednesday, August 01, 2007

Ser ou não ser, eis a questão.

Um dia você olhará para o lado e perceberá que o tempo passou e o trem já partiu. E agora só resta você, solitária em uma estação qualquer, sem saber o que fazer. Não há ninguém para pedir indicações, pois todos já tomaram seus rumos, mesmo que fossem incertos. Não há folhetos indicativos, pois papel é raridade, uma vez que acabaram as reservas de árvore no mundo todo. Não tem pra quem ligar, nesse vai-e-vem de opiniões e incertezas, até os mais verdadeiros amigos não agüentaram o tranco e largaram fora, telefonistas não existem mais, tudo hoje é informatizado. Mas você não soube decidir qual modelo de palm comprar, e não pode nem entrar na internet pelo celular, já que preferiu não ter, uma vez que não foi capaz de escolher uma companhia telefônica.
O frio dá as caras, estás no auge do inverno da desesperança. A estação está tão às moscas quanto os cenários dos filmes de faroeste do Clint Eastwood, só faltam as bolas de palha arrastando-se pelo chão seguindo o movimento do vento. Deixas cair a tarraxa do brinco, e o barulho ecoa pelo salão, a ultima vez que se sentiu tão sozinha foi quando tentou entrar dentro de sua cabeça para entender o que realmente se passava, mas não foi até o final. Nunca consegues terminar as coisas que começa, temes o sucesso, a felicidade e o fracasso, preferes viver num eterno e constante contentamento. Não conquistou nada ao longo dos anos, não possui bens materiais, apenas tem a si mesma. E és oca por dentro.
De repente um barulho forte ecoa pelo lugar, olhas para o horizonte e lá está o trem, a poucos metros de você. Quando ele finalmente para, olhas para o letreiro que informa o local destinado: Vida Nova. O motorista berra para entrares e comunica que o próximo trem demorará dias para chegar, mas a hesitação entra em campo que nem o time do Brasil numa final de copa. E agora, o que fazer? Finalmente tomar uma decisão valiosa, entrar no trem e seguir para uma vida completamente nova, cheia de alegrias, ou continuar no mesmo ócio de sempre? O motorista pergunta a razão de tanta demora para embarcar e você rapidamente pensa em alguma desculpa para não admitir na frente daquele desconhecido que és incapaz de tomar decisões e viver plenamente sua vida. Arriscas dizer que temes seguir para uma vida nova e acabar mudando drasticamente o que és, e não estás preparada para isso. Não estás preparada para deixar de ser sem graça e solitária, não estás preparada para talvez amar, e sentir-se amada, ou conquistar algo e colher os louros do sucesso. Sabes que tens capacidade disso, mas não fala nada para o estranho que a olha fixamente esperando alguma outra reação.
Quando achas que o motorista finalmente cansou e resolver ir embora, para usares a desculpa de que teve oportunidade de mudar, mas não a esperaram, e jogar a culpa para outra pessoa, ele a fala: Querida, não há o que temer. Nunca deixarás de ser quem és, pois sua essência continua a mesma desde que nasceste, mas assim como um diamante bruto, também precisas ser lapidada para assim mostrar sua verdadeira beleza. Tudo é uma versão nova do antigo, diz o homem, deixando-a atônita e sem resposta. Agora não há mais desculpas,e então, numa fração de segundos consegues achar a força que há tanto tempo vivia guardada dentro de si e que a impulsiona para dentro do trem.
É o começo de uma vida nova, minha querida. Relaxa e goza.

Thursday, July 05, 2007

Era dos descartáveis.

Numa sociedade onde o consumismo desenfreado e o capitalismo rolam soltos, a indústria de bens de consumo não-duráveis cresce cada vez mais. Hoje tudo é descartável, tudo mesmo, até marido, esposa, namorado, namorada, amigo, amiga, pais e por aí vai. O costume de usar e depois que não lhe é mais útil, jogar fora, tomou proporções absurdas, e nós seres humanos estamos virando produtos, que após bem manuseados, bem explorados, tornam-se inutilizáveis ao olho alheio.
Amar alguém não é mais o ponto decisivo para se namorar ou casar. Mais do que nunca aspectos como conveniência, status social e econômico, compatibilidade genética, atributos físicos, entre outros, determinam se a pessoa deve, ou não, amarrar-se a alguém. Se acontecer de existir amor, esse então é um plus, um brinde, que nem sempre é bem vindo. E pode esquecer o eternamente, o até que a morte os separe. A indústria de bens de consumo não-duráveis deixa bem claro que se estragou, joga fora e compra outro, não vale à pena tentar arrumar ou remendar, é mais fácil arranjar outro novinho em folha.
A amizade não é mais como costumava ser. É difícil achar amizades de longa data, daquelas que vinha da infância a vida adulta, porque querendo ou não, essas são difíceis de manter, e as pessoas parecem não estar dispostas a fazer tal esforço. O tempo passa e os caminhos a seguir são distintos, fica muito mais fácil arranjar novos amigos à medida que se avança na vida e na profissão, do que ficar tentando coincidir horários e lugares, numa tentativa de não perder aquela amizade antiga. Há também aquelas amizades que se faz quando necessário, seja pelo fato do amigo ter um carro, ou ser prestativo, ou possuir alguma qualidade interessante para o outro no momento. Então agita-se antes de usar, e usa-se a vontade, até a hora que cansar ou o interesse desaparecer, e dá-se um pé na bunda bem dado seguido de uma desculpa esfarrapada que não engana nem padre.
No que diz respeito aos pais, para mim é uma via de mão dupla, uma faca de dois gumes, que me choca a cada minuto. Filhos, quando bem querem, descartam os pais como se estes fossem chiclete, que depois de bem mastigado, perde o gosto e vai direto para o lixo. Esquece-se do provável sacrifício feito pelos progenitores, da longa espera durante nove meses, do amor muitas vezes dado sem qualquer retorno. Do mesmo jeito que pais largam seus filhos, seja logo após nascer, em alguma lixeira, num rio, na porta de alguém; ou a qualquer outro momento, é só o filho causar uma “grande decepção” que muitos pais pegam seus carros e vão embora, sem olhar para trás, sem qualquer ressentimento.
Existem tantas outras coisas que hoje em dia são descartáveis. No momento estou escrevendo isto num computador que o dia que estragar, valerá mais a pena comprar outro, estou ouvindo musica num tocador de música que se parar de funcionar não tem conserto, só adquirindo um novo. Pensamentos são descartáveis, sentimentos também. Até natureza é tida erroneamente por alguns como descartável. E infelizmente não há nada para fazer, a não ser aos poucos tentar chamar a atenção de pessoas para esse fato preocupante presente na sociedade em que vivemos, ou valer-se daquilo que dizem que tudo que um dia foi moda, volta a ser, ou seja, um dia os princípios de antigamente voltarão. Talvez assim o individualismo dê uma trégua. E a maldita indústria de bens de consumo não-duráveis entre em declínio até desaparecer totalmente. E eu e você deixaremos de ser descartáveis.

Sunday, June 10, 2007

de cara lavada.

Ok. Eu admito ser uma "drama queen" e sei o quão perturbador para quem está à minha volta pode ser. O que para muitos não chega a ser sequer um problema, em minhas mãos, vira um caso de vida ou morte: eu exagero, esperneio e faço toda aquela cena típica de uma ópera grega, levando muitos a me questionarem com a seguinte pergunta: "O que faz teus problemas serem mais importantes que o dos outros?". Forte hein? Geralmente após essa pergunta vem aquela ladainha, praticamente um clichê já, de que “pessoas não tem onde morar, não tem o que comer e tu ficas brigando com a tua mãe porque ela decidiu fazer peixe de almoço e só o cheiro já te deixa completamente nauseada?". Pô, golpe baixo!
E é claro que para os olhos do observador está é uma boa comparação: a menina mimada de classe média que tem tudo o que quer versus mendigos, sem-tetos e etc. (a variação é grande.). E sim, digo menina pois acredito que o fato de ter 20 anos ou 60 não afeta essa classificação, o que importa não é a idade física, e o estado emocional. E eu ainda ajo como uma adolescente, mesmo que cientificamente já tenha passado dessa fase.
Explicações sem nexo a parte, voltemos para o meu raciocínio. Essa comparação é um golpe baixo que demonstra o primeiro e pior erro que o ser humano comente: o pré - conceito. Não é porque alguém leva uma boa vida, que seu problema não seja tão ruim quanto aquele menos privilegiado. Não é justo para nenhum dos lados fazer esta comparação.
Rótulos. Não gosto deles.
E sabem de uma coisa? Toda aquela historinha de quem vê a situação de fora consegue enxergar mais claramente não se enquadra aqui. Quem deu a autoridade, quem lhes deu permissão para decidir o que é mais importante? Um problema, seja uma unha quebrada ou não ter um lugar para morar, é tão pessoal quanto o amor, a felicidade ou a tristeza. É uma parte tua, da tua vida, e ninguém pode dizer a importância que deve ser dada. Mais uma vez, todo tipo de comparação nesse caso é inútil.
E eu não estou aqui tentando me defender, muito menos de algum modo mostrar-me superior, pois sei que não sou. Sei que apesar de diferentes cores e classes sociais, em essência somos todos iguais, e o que molda a tua personalidade, o teu caráter e o que define tuas prioridades é o ambiente na qual vives.
E sabem de uma coisa? Eu me importo sim. De tanto ouvir pessoas erroneamente falando como eu deveria agir e pensar, já me vi inúmeras vezes sentindo-me culpada por me preocupar com "futilidades" enquanto outros morrem de frio, fome ou são assassinados nas ruas violentas do Brasil. Mas essas futilidades deixam de ser o que são no momento em que eu me importo com elas, e não me impedem de pensar no próximo.


E o que eu realmente quis dizer com este vômito de palavras?
A resposta da pergunta feita acima: Meus problemas são MEUS PROBLEMAS! E isto os faz serem importantes, porque quando eu estou fazendo minha cena digna de novela das oito, é a única hora em que eu paro de pensar nos outros e me permito ser egoísta.
Todos têm suas fraquezas, logo, eu também. E a minha é por dramas.
Mas vocês não me vêem importunando os outros por gastarem tempo, dinheiro e potencial se drogando, fazendo festas após festas, topando ficar com quem aparecer só para não ficar sozinho.
Desde criança fui auto-suficiente, aprendi a ler e escrever vendo o jornal, nunca demonstrei precisar de ninguém, muito menos soube pedir ajuda. Sempre me dediquei a ajudar meus amigos, muitas vezes abdiquei muitas coisas para poder ajudar o próximo, e quando chegava a minha vez, poucos eram aqueles que retribuíam.
Então quem sabe agora, antes de virem me criticar por fazer tempestade em copo dágua, ofereçam ajuda, nem que seja para apenas ouvir.

Saturday, June 09, 2007

Rain Falling From The Skies.

Lá fora a chuva lava a cidade, levando embora todo o stress, a maldade e a decepção. Particularmente acho fantástica a magia que envolve um fenômeno comum que, no entanto, não acontece em todo lugar, como a chuva. É como se os pingos, as gotas d’água que caem em sintonia – compondo quase que uma sinfonia - fossem pequenos imãs que atraem para seus pólos tudo aquilo que incomoda, levando-os para bem longe daqui.
Resolvi arriscar e abrir a janela (quer coisa melhor que o cheiro de chuva?). Apesar do frio, que na verdade não estava tão intenso, deixar os pingos um por um caírem na minha mão e sentir o aroma quase que afrodisíaco da água relativamente pura, entrando em contato com o asfalto, o concreto e todos esses outros materiais foi uma das experiências mais renovadoras que tive nos últimos tempos. Se fosse verão e o asfalto das ruas estivesse quente, seria sublime, mesmo.
Recentemente descobri o potencial do jazz (o estilo musical) de inspirar. Assim como a chuva que cria um contraste gritante com as construções e todas as outras invenções do homem das quais não podemos viver sem - mas até que gostaríamos, por motivos ambientais atuais - o jazz mistura a emoção como sentimento e a emoção como ação através de um link bem planejado entre o pensar/sentir e o agir. Se juntarmos a chuva e o jazz, seremos capazes de quase atingir o nirvana.
Essa combinação explosiva nos transporta para um local melhor, dentro de nossas mentes, ela permite que entremos em contato com partes da nossa alma e do nosso coração que normalmente não conseguiríamos. Posso estar sendo ousada, mas a partir das experiências que tive nestes míseros vinte anos de existência, arrisco-me a dizer que nenhuma experiência chega aos pés desta. Por isso busquem usufruir desta o quanto antes, apenas inspirem-se colocando uma boa música e abrindo a janela, o resto pode deixar que a chuva faz.

Tuesday, May 15, 2007

acreditar é alcançar?

“Quem acredita alcança”, eis uma frase/expressão/clichê/ditado ou seja lá como você queira chamar que sempre me intrigou. Se é tão “famoso”, tão corriqueiro, deve ter um fundo de verdade, e é aí que um nó é feito na minha cabeça. Será que realmente quem acreditar em algo consegue atingir seu objetivo? Será que o popular “Sou brasileiro e não desisto nunca” é verídico?Se for então todos os políticos que dizem querer acabar com a miséria no Brasil, realmente não querem.
Ok, talvez os políticos não sejam um bom exemplo devido ao caráter duvidoso dessa “raça”. Mas vejamos então o Rubinho Barrichelo: ele sempre tenta, quase chega lá, mas o primeiro lugar nunca é conquistado. Será que então ele realmente não quer ser o primeiro? Talvez prefira ser o segundo, terceiro, quarto e etc. Resumindo, Rubinho Barrichelo contenta-se com pouco e somente com pouco. Surge então uma pergunta que não quer calar (pelo menos na minha cabeça): Rubinho Barrichelo é brasileiro? Se for, então ele realmente não busca “the ultimate victory”.
E de exemplos como esse temos muitos. Mas há aqueles casos de sucesso de pessoas que acreditaram e conseguiram, mas será que conseguiram somente por acreditar? A terceira lei de Newton é bem clara: para toda ação, há uma reação. Se um corpo X está exercendo uma força sobre um corpo Z, então o corpo Z também está exercendo força sobre o corpo X de mesmo módulo e direção, mas sentido contrário. Exemplificando melhor, se eu faço algo que não necessariamente seja direcionado a alguém, mas que afete esta pessoa, há chances dela fazer algo similar com outro propósito.
E a verdade é que nada do que fazemos saímos ilesos. Pode ser que um ato bom seja precedido por outro ato bom que irá te favorecer, pode ser que não. Cada vitória é um conjunto de acontecimentos, e nenhum tem a ver com sorte, porque sorte, queridos, não existe. Existe bom desempenho, bom planejamento, boas probabilidades de algo dar certo devido a um mix de fatores, e só. Concluo então que apenas acreditar não quer dizer que irás alcançar, pois não importa quantos obstáculos aparecerem à frente, nem quantos conseguirem superar, não é suficiente. É necessário que o mundo e as pessoas nele conspirem a teu favor, não se consegue nada sozinho, o apoio e a ajuda dos outros é vital. Precisamos acreditar em conjunto, planejar em conjunto e executar em conjunto.

Friday, May 11, 2007

F.EE.L.

Apaixonem-se. Não necessariamente por alguém do sexo oposto,ou do mesmo sexo. Deixem-se apaixonar por qualquer coisa, sintam a paixão correndo por todas as veias do seus corpos, caminhem entre as nuvens, flutuem.
Observem o caminho que vocês fazem diariamente para ir para a faculdade/colégio/trabalho, vejam como entre carros, concreto e prédios existem coisas bonitas como uma única flor num canteiro desmatado, um passarinho numa árvore, uma borboleta voando.
Procurem por borboletas coloridas. Ah! Procurem as brancas também.
Deixem o sol penetrar a epiderme de vocês, iluminem-se. Iluminem os pensamentos, os rostos lindos de cada um, deixem que a vida de vocês seja iluminada. Sintam-se iluminados dos pés à cabeça.
Saibam aproveitar um dia de sol e céu limpo com a esperteza de um sábio.
Uma vez ao ano pelo menos, saiam para caminhar na chuva. Aproveitem e chorem, coloquem tudo para fora, desabafem com o mundo, ele com certeza abraçará vocês. Apreciem os dias cinza com os olhos de um poeta bucólico. Escrevam, desenhem, pintem, gritem.
Por sinal, gritar é uma das melhores formas de liberar o stress, momentaneamente, óbvio.
Procurem pelas estrelas no céu azul-marinho-preto. Façam um pedido. Dois. Três. Vejam o nascer e o pôr do sol. Observem as cores do crepúsculo. Procurem um arco-íris, quando o acharem, procurem o gnomo com um pote de ouro. Cavalguem em um unicórnio. Nadem com as sereias. Comuniquem-se com os extraterrestres. Descubram a localização do chupa-cabra.
Escutem Floyd, Clapton e Dylan. Vão a uma praça com os amigos, levem um violão e cantem Bob. Transem ao som de Lovage. Dancem com Gloria Gaynor, Diana Ross e Donna Summer. Tomem banho cantando Rita Lee. Dancem na chuva ouvindo “Rain drops keep falling in my head”.
AMEM. ODEIEM. Não se contentem com pouco. Sejam 8 ou 80. Corram, dêem risadas espalhafatosas. Beijem com carinho, beijem com raiva, beijem com prazer. Permitam que as pessoas cheguem perto. Cuidem com os amigos não tão amigos assim. Valorizem aqueles que merecem. Agradeçam por estarem vivos.
Dêem bom dia ao sol, às arvores, ao céu. Olhem-se no espelho e descubram o quão lindos vocês são. Preservem suas personalidades, cultivem suas crenças.
Leiam histórias em quadrinhos. Revejam Pulp Fiction. Gastem o DVD do Laranja Mecânica. Divirtam-se com Woody Allen. Viajem com George Lucas. Aventurem-se com Indiana Jones e Steven Spielberg. Sintam a dor das virgens suicidas ao lado de Sophia Coppola.
Bebam água com gás, muita água com gás.

Sunday, April 15, 2007

Carta para Ilustres Pessoas, Volume 3.

Querida Anastasia do futuro,

Antes de tudo gostaria de pedir desculpas.
Sei que errei nas minhas ações, nos sentimentos, nos julgamentos.
Não fui capaz de distinguir as pessoas, em primeira estância todas pareciam fantásticas e era difícil pensar que talvez fossem umas filhas da puta. Só descobri depois que as dei intimidade suficiente para pisarem em mim o quanto quisessem, e cara, isso doeu!
Dediquei-me demais aos meus amigos, muitas vezes abdicando minha, aliás, nossa própria vida. Pus-me a disposição 24 horas por dia, atravessei a cidade, carreguei as pessoas nas costas por muito tempo. Infelizmente poucos foram aqueles que retribuíram a altura, e acredite, dói demais quando a gente precisa de alguém e ninguém está disponível.
Usei a expressão “Eu te amo” inúmeras vezes, acreditando que realmente amava. Só hoje vejo que não foi tanto assim. Envolvi-me com as pessoas erradas, achei ter me apaixonado e no final das contas, descobri ser apenas dependência. Perdi meu chão e não fiz esforço para construí-lo de volta por muito tempo. Deixei a depressão tomar conta de mim. Confiei nas pessoas erradas, duvidei das certas.
Perdi amigas importantes sem nenhuma explicação, menti ao dizer que não me importava. Chorei de saudades quando estava sozinha, tentei entender o acontecido, mas em nenhum momento expressei meus sentimentos verdadeiros sobre isso para qualquer pessoa.
Muitas vezes tentei conquistar as pessoas com a minha tristeza, minhas tragédias. Não fui honesta comigo mesma, e quando resolvi mudar, radicalizei. Hoje evito tanto falar que estou triste que acabo sofrendo sozinha. Não quero mais ser a vitima, a coitadinha. Quero ser forte, ou pelo menos parecer ser.
Durante esses longos vinte anos colecionei cicatrizes. Não aquelas superficiais geralmente decorrentes de acidentes, mas aquelas internas, eternas. Aposto um engradado de cerveja que estas continuam tão vivas em ti como nesse momento estão em mim.
Eu errei, e repeti os mesmos erros. Falhei na única tarefa que não poderia ter falhado: estabelecer uma base emocional forte para o futuro. Mas sei que nada disso foi intencional, apesar de parecer, afinal, ninguém comete tantos erros assim. É que de repente me via numa encruzilhada, sem saber para que lado ir, sentindo uma pressão filha da puta para escolher o caminho certo. Essa maldita pressão afetou tanto o meu discernimento, que acabei errando todas as vezes que tentei acertar.
Gostaria que não guardasses remorso sobre isso, já que errei tanto no passado, não gostaria de continuar errando no futuro.

Sinceramente,
Anastasia do passado.

Sunday, March 11, 2007

Carta para Ilustres Pessoas, Volume 2.

Amigo,

Nesses últimos meses eu tive tempo de sobra pra refletir sobre a vida, em especial a minha, e durante essa jornada, munida de muitos filmes, seriados e noites em claro com um maço de cigarros e uma lata de cerveja mudei drasticamente a minha concepção sobre as coisas.
Veja bem, caro amigo, nada do que aprendemos e acreditamos quando crianças permanece vivo. A vida em resumo é uma teia de emoções e acontecimentos que nem sempre são um mar de rosas, e dessa teia surgem inúmeras ramificações que no meio do caminho se encontram formando um nó absurdamente grande e complexo. Cada ramo dessa teia complexa é repleto de traições, decepções e erros assim como momentos de felicidade, paixões a atitudes politicamente corretas, ou seja, grandes e gordas antíteses. Aquele papo de “nasço, cresço e morro” é história da carochinha. É impossível passar despercebido, a condição de existência do ser humano consiste em cair em tentação sempre que possível, e todos em certo ponto da vida cairão, acredite. A carne é fraca meu amigo, fraquíssima.
Sexo, eis uma palavra que surge bastante. E pode esquecer aquela besteira de sexo como a celebração do amor entre duas pessoas ou até aquele sexo sujo repleto de fantasias e fetiches, os tempos são outros, velho. Hoje é uma moeda de troca, um símbolo de poder, um meio de dominação, um jeito de segurar o namorado, ou até mesmo arranjar alguém para ficar em alguma festa. É uma troca, das mais baixas possíveis, é o modo mais eficaz de aliviar o stress. O homem não é mais o rei da cocada preta, a mulher descobriu que quem põe as cartas é ela, e viva o feminismo.
Os valores são outros. Hoje se esfaqueia quem estiver à frente que possa estar bloqueando o caminho, até mesmo os próprios pais. Olho por olho, dente por dente. E pau no cu de quem se intrometer. O dinheiro compra tudo, até amor.Pode não ser verdadeiro, mas é bem satisfatório. A instituição do casamento deixou de ser sagrada, padres foram acusados de cometer pedofilia, e um homem parcialmente analfabeto, com apenas nove dedos na mão está em seu segundo mandato de presidente do Brasil. Entrará para a historia ao lado de grandes homens como Juscelino Kubitschek, Getúlio Vargas e Figueiredo. Que piada.
Nós estamos predestinados a sofrer, de tempos em tempos. Um término de relacionamento pode ser devastador. Um amigo que vira as costas para o outro por um boato infundado, uma amizade que acaba pela falta de confiança, enfraquece a alma. A falta de dinheiro num mundo capitalista e materialista leva muitos ao desespero, a falta de segurança atormenta todos e a promessa de que um dia o mundo melhorará some um pouquinho a cada dia.
O sonho de princesa está cada vez mais longe, o mundo cor-de-rosa implodiu e a vida é assim: te bota para baixo na tentativa de te fortalecer, te tira pessoas importantes para lembrá-lo de que nada nem ninguém é eterno. E no meio desse caos não é que a gente até consegue ser feliz? Pelo menos é o que eu, em meio à minha ingenuidade, acredito.

Saudades, caro amigo. Saudades dos tempos em que brincávamos sem a preocupação de como será o dia de amanhã e de quando uma relação entre duas pessoas era levada a sério.