Ela para e pensa: E se eu fizesse diferente? Se eu falasse mansinho, em vez de berrar, as pessoas me escutariam mais? Se ao invés de correr, eu pulasse, enxergaria melhor as coisas? Se cada vez que tivesse vontade de chorar, sorrisse, seria mais feliz? Se eu falasse realmente o que está pensando pela minha cabeça, me achariam louca?
Tantas interrogações para uma menina tão pequena. A verdade é que por trás daqueles 1,50 metros de casca forte, impenetrável e feliz da vida, se escondia o auto - descontentamento. E agora, o vento soprava para outros lados, levando consigo pedaços da casca, uma vez impenetrável, e a menina não conseguia mais esconder tudo aquilo que outrora escondera. Passou a não ficar na companhia de outras pessoas por muito tempo, afastando, gradualmente, todos seus amigos e familiares. Ela agora era praticamente sozinha, seu segundo maior medo acabara por provocar o mais temido dos medos: a solidão. Mais do que temer mostrar-se exatamente como era, a menina apavorava-se com a idéia de solidão.
As perguntas proliferaram-se. Não mais prestava atenção na rua, nos carros. Estava tão sozinha que parecia não existir mais ninguém no mundo, apenas ela e suas interrogações. Quase fora atropelada, quase pisara em merda de cachorro, enfim, ela "quase" tantas coisas que não vale a pena contar detalhadamente. E surpreendentemente, saiu ilesa de tudo, ou quase tudo, afinal, ela ainda está viva, não?
Não. Infelizmente ela não vive mais. As perguntas eram tantas, o vento soprava tão forte que o afastamento foi definitivo. Ela tentou tanto esconder seu verdadeiro "eu" que acabou sozinha. E de sozinha, ela morreu.
Não pense que ela suicidou-se, ela nunca faria isso, não tinha coragem suficiente. Mas um dia ficou doente e precisou de ajuda, mas não soube pedir. Não queria mostrar suas fraquezas.
E por isso, morreu só.
Friday, August 10, 2007
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