Friday, July 21, 2006

Protesto Nostálgico

Sopa de letrinhas da Xuxa e da Galinha Azul; ninho soleil de mel e cereais; Quick de chocolate e morango; Show da Xuxa com paquitas, nave, café da manhã e tudo que tinha; história sem fim; caverna do dragão, he-man, she-ra,jaspion; pogobol,pique-esconde,detetive; mentex no cinema.

Bons tempos esses!Sinto saudades da inocência que tinha quando criança, da simplicidade das brincadeiras, do amor incondicional aos meus pais ou qualquer pessoa que estivesse ao meu redor. Não se ve mais isso. Definitivamente não. E é isso que me choca e incomoda sabem? Minha priminha, três anos atrás, aos seis anos, foi pega em cima de um amiguinho se esfregando, porque os dois queriam fazer sexo que nem nas novelas.Meu primo de sete anos entende mais de computador do que meus tios.Crianças são tratadas por terem depressão, recebem mais responsabilidades do que podem suportar.

Aos meus olhos o mundo está do avesso. Nunca pensei que um dia teria tais sentimentos de repulsa, mas também, nunca imaginei que as coisas chegariam ao ponto em que estão. Queria poder estar tranquilizada de que o futuro será ótimo, de que quando o dia de ter filhos chegar, eu possa saber que trarei uma criança à um mundo melhor, mas não estou. Não tenho certeza nem de que eu estarei aqui amanha.

E o mais engraçado, é que todas essas mudanças, são simples efeitos colaterais da globalização. E sem ela, o mundo em que vivemos talvez não fosse como é,não teríamos a facilidade de informação, conversas em tempo real com nossos entes amados que estão longe, e muitas outras facilidades das quais não vivo sem.Por isso não posso me declarar contra, seria hipocrisia demais da minha parte.

Eu queria apenas que a proxima geração tivesse a sorte que eu tive, e pudesse aproveitar a melhor fase da vida. Porque não há nada como ser criança e não ter preocupações nenhumas, a não ser com quem irei brincar, o que de bom mamãe fará no jantar, e que presentes ganharei do Papai Noel. Fantasia se mistura com realidade na mais pura forma, pelo menos se misturava.

Monday, July 17, 2006

Utopia Adolescente

Quando eu estava no segundo ano do ensino médio,tinha aula de filosofia com o pior professor que existia, pelo menos é o que eu pensava na época. Lembro bem de uma aula dele, em que ele corrigiu uma colega minha, dizendo que alma gêmea e amor verdadeiro, daqueles que dura a vida inteira, era utopia adolescente, não existia.Aquilo me chocou, em especial por ter vindo de um cara que além de ser casado há mais de 20 anos, tinha três filhos, mas também porque eu sempre tive a fantasia de que para casa pessoa, há uma alma gêmea guardada.
Ao passar dos anos, ouvi de mais de uma pessoa que a gente nunca casa com a alma gêmea, é simplesmente inviável.A confusão generalizada tomou conta da minha cabeça, por semanas eu não pensava em outra coisa, e a ansiedade começo a tomar conta. Eu sempre pensei que no fim das contas a gente encontraria aquele alguém que faz o nosso mundo tremer, virar do avesso e tudo mais, e nunca parei pra pensar que tanta gente pelo mundo afora morre sozinha, sem ninguém para segurar sua mão em seus ultimos minutos.
Deve ser isso que chamam de memória seletiva. Eu sempre fui tão romântica e fantasiosa que ignorava tudo aquilo que poderia destruir com as minha crenças em relação ao amor, minha mãe costumava dizer que eu vivia no meu próprio mundinho cor de rosa, e me recusava a abrir os olhos para o mundo real. Hoje, posso dizer que boa parte não vive mais nesse mundinho.Acho que eu precisava sair do colégio e entrar na faculdade pra acordar pra vida.
Hoje, também, entendo um pouco o que aquele ogro daquele professor quis dizer, e tenho que admitir que fiquei meio receosa, especialmente por sempre me manter segura e nunca seguir caminhos diferentes, para nao ter surpresas desagradáveis. Talvez essa fosse a razão de ter criado meu mundinho próprio, onde tudo que acontecia de ruim,eu dizia que era porque a minha avó tinha morrido e eu tinha perdido meu porto seguro. Me manti nessa mentira conveniente por tanto tempo que não sei ao certo o que eu realmente senti quando perdi minha avó, e hoje, as lembranças vão indo embora, de um jeito saudável. Eu não passo mais meus dias pensando em como seria se a minha vovó querida estivesse aqui me apoiando, ou em quem seria minha alma gêmea, quando eu iria conhecê-lo,quantos filhos eu teria, e todas essas coisas que qualquer adolescente romântica pensa.
Sei que agora estou pronta pra mais, estou pronta para viver a minha vida, e me responsabilizar por tudo que acontecer. É a melhor e a pior sensação, juntas, tomando conta de mim. A cada dia que passa sinto estar mais perto do mundo real.

Thursday, July 13, 2006

Pout-porri cinematográfico

Eu cresci vendo filmes, de todos os gêneros,ficava vidrada por horas na frente da televisão.Entrava na pele das personagens de um modo tão surreal, que eu realmente sentia o que eles sentiam. Já fui princesa, viajei o mundo inteiro, fui assassina, policial, adolescente rebelde, mulher talentosa e bem sucedida. Já casei, descasei, encontrei minha alma gêmea, perdi pessoas importantes, eu já morri, e voltei do além.
Acho que todo esse contato com o mundo fantasioso do cinema, acabou deixando sequelas, inúmeras delas.As vezes me pego pensando no casamento dos meus sonhos, com um vestido branco e um véu bem compridão, meu marido bem sucedido, e meus filhos, uma penca deles.Depois caio na real e me dou conta que esse sonho tá muito longe de acontecer.
É como se as vezes eu perdesse a noção da realidade,a minha imaginação funciona 24 horas por dia. Já fiz tantas coisas na minha cabeça, que as vezes não sinto necessidade de realmente fazê-las, e daí vem a pergunta que martela todo santo dia na minha cabeça: o que realmente vai ser da minha vida? Odeio perguntas sem respostas.Eu não sei pra onde vou nem com quem.Questiono-me diariamente,afim de saber quem afinal de contas sou eu,o que eu quero das pessoas,da minha familia e da faculdade.Nunca cheguei à conclusão alguma.
Me estressa saber que ao mesmo tempo em que sou tão confusa em relação a minha pessoa, tenho de ajudar meus amigos a descobrir quem realmente são. Me acustumei a nao pensar em mim, não resolver meus problemas, porque me dar ao trabalho? É bem mais facil ajudar os outros, e me deixar de lado. Negligenciar a mim mesmo, por medo de falhar na cansativa busca do meu verdadeiro ser,praticamente vivendo a vida dos outros,por ter medo de viver a minha.

Não sei pedir ajuda, não quando tem relação direta com problemas tão sérios e pessoais.Fico esperando que um dia alguém chegue e me salve de toda loucura que se passa na minha cabeça, assim como já fiz com tantas pessoas.

E continuo esperando..

Espero também que um príncipe chegue num cavalo branco e me leve para longe de toda essa alienação em demasia que ronda minha cabeça, me levando para viver em seu reino distante, felizes para sempre.