Monday, July 17, 2006

Utopia Adolescente

Quando eu estava no segundo ano do ensino médio,tinha aula de filosofia com o pior professor que existia, pelo menos é o que eu pensava na época. Lembro bem de uma aula dele, em que ele corrigiu uma colega minha, dizendo que alma gêmea e amor verdadeiro, daqueles que dura a vida inteira, era utopia adolescente, não existia.Aquilo me chocou, em especial por ter vindo de um cara que além de ser casado há mais de 20 anos, tinha três filhos, mas também porque eu sempre tive a fantasia de que para casa pessoa, há uma alma gêmea guardada.
Ao passar dos anos, ouvi de mais de uma pessoa que a gente nunca casa com a alma gêmea, é simplesmente inviável.A confusão generalizada tomou conta da minha cabeça, por semanas eu não pensava em outra coisa, e a ansiedade começo a tomar conta. Eu sempre pensei que no fim das contas a gente encontraria aquele alguém que faz o nosso mundo tremer, virar do avesso e tudo mais, e nunca parei pra pensar que tanta gente pelo mundo afora morre sozinha, sem ninguém para segurar sua mão em seus ultimos minutos.
Deve ser isso que chamam de memória seletiva. Eu sempre fui tão romântica e fantasiosa que ignorava tudo aquilo que poderia destruir com as minha crenças em relação ao amor, minha mãe costumava dizer que eu vivia no meu próprio mundinho cor de rosa, e me recusava a abrir os olhos para o mundo real. Hoje, posso dizer que boa parte não vive mais nesse mundinho.Acho que eu precisava sair do colégio e entrar na faculdade pra acordar pra vida.
Hoje, também, entendo um pouco o que aquele ogro daquele professor quis dizer, e tenho que admitir que fiquei meio receosa, especialmente por sempre me manter segura e nunca seguir caminhos diferentes, para nao ter surpresas desagradáveis. Talvez essa fosse a razão de ter criado meu mundinho próprio, onde tudo que acontecia de ruim,eu dizia que era porque a minha avó tinha morrido e eu tinha perdido meu porto seguro. Me manti nessa mentira conveniente por tanto tempo que não sei ao certo o que eu realmente senti quando perdi minha avó, e hoje, as lembranças vão indo embora, de um jeito saudável. Eu não passo mais meus dias pensando em como seria se a minha vovó querida estivesse aqui me apoiando, ou em quem seria minha alma gêmea, quando eu iria conhecê-lo,quantos filhos eu teria, e todas essas coisas que qualquer adolescente romântica pensa.
Sei que agora estou pronta pra mais, estou pronta para viver a minha vida, e me responsabilizar por tudo que acontecer. É a melhor e a pior sensação, juntas, tomando conta de mim. A cada dia que passa sinto estar mais perto do mundo real.

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