Monday, October 29, 2007

GIVING UP.

Naquele momento já esgotara todas as esperanças. Resolvi voltar-me ao Deus misericordioso que tanto ouvira falar nas aulas de catequese que freqüentara há uma década. Entre pais-nosso e ave-marias pedia perdão por todos meus pecados intencionais e não intencionais. A esse ponto o desespero me consumia por dentro, cada parte do meu corpo tremia ininterruptamente.
Não entendia porque estava sendo punida. Claro que tive minha cota de pecados durante minha breve vida, claro que alguns deles são considerados pecados mortais (graves), mas numa escala de gravidade, considero-os os mais fracos dos mais fortes. Tantas pessoas que cometeram atrocidades em demasia continuam impunes de seus pecados, enquanto eu estava ali, sendo apedrejada e torturada.
Lá fora a chuva apertava compondo uma sinfonia agonizante no momento em que a água encontrava-se com o asfalto. E eu continuava a rezar, noite adentro, mas agora não pedia mais perdão e sim, uma luz, uma mensagem, um sinal, algo que mostrasse que eu sairia ilesa dessa, no entanto, nada. Pedia também, proteção, e paz de espírito. Queria tanto um momento de calmaria entre as tantas tempestades da minha vida, mas só encontrava escuridão e turbulência à minha frente.
Três horas passaram e nenhum sinal de melhora: era hora de entregar os pontos. Chega a ser uma ironia admitir a falta de força, uma vez que sempre me mostrei forte perante aos outros e até a mim. Lutar incansavelmente por algo é história da carochinha, chega um ponto em que todos cansam e não tem condições de continuar. E quanto antes eu ceder ao trágico destino que me espera, melhor será para mim. Não sentirei mais dor, não temerei a escuridão, não passarei por nenhuma outra tempestade.

Sobreviver é superestimado.

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